Técnicas corporais no Yôga: os ásanas
Asana é toda posição firme e agradável (sthira sukham ásanam). Essa é a definição ampla e lacônica do Yôga Sútra, capítulo II, 46. Segundo tal definição o número de ásanas é infinito.
Outra frase, esta atribuída a Shiva, confirma a de Pátañjali: há tantos ásanas quantos seres vivos sobre a Terra.
Outros, porém, limitam o número de ásanas em 84.000, dos quais 840 seriam os mais importantes e, destes, apenas 84 fundamentais. No livro Tratado de Yôga, do Mestre DeRose, relacionamos mais de 2000 ásanas. E a maior compilação já realizada na História do Yôga em todo o mundo.
Mas o que é ásana, afinal? Asana é a técnica corporal que, para muita gente, melhor estereotipa o Yôga. Isso ocorre devido ao fato consagrado de que, dentre todas as técnicas do Yôga, a única fotografável, filmável e demonstrável em público é o ásana. Você poderia fotografar yôganidrá, filmar pránáyáma, ou demonstrar mudrá... mas não teria muita graça para o público leigo, a menos que fossem combinados com os ásanas. Assim, este anga acabou mais conhecido.
Asana é a técnica corporal, sim, mas não exclusivamente corporal. Nada a ver com ginástica, nem com Educação Física. As origens são diferentes, as propostas diferentes e a metodologia é diferente. Por isso, em Yôga não precisamos de muitas coisas que são fundamentais na Educação Física como, por exemplo, o aquecimento muscular. Em Yôga Antigo, não utilizamos o aquecimento muscular antes dos ásanas. Para quem tiver interesse no estudo comparativo do Yôga com a Educação Física e suas distinções, a fim de não repetir aqui explanações já publicadas, recomendamos a leitura do nosso livro Tudo sobre Yôga.
Por economia de palavras, as pessoas costumam refereir-se ao ásana exclusivamente pelo seu prisma corporal. Contudo, a técnica não merece o nome de ásana, a menos que incorpore outros elementos.
Se for exercício físico não é Yôga. Asana tem que ter três fatores:
- PROCEDIMENTO ORGÂNICO (POSIÇÃO);
- RESPIRAÇÃO COORDENADA;
- ATITUDE INTERIOR.
O procedimento orgânico precisa ser:
- estável;
- confortável;
- estético.
A respiração coordenada precisa ser:
- consciente;
- profunda (abdominal e completa);
- pausada (ritmada)
A atitude interior precisa ter:
- localização da consciência no corpo;
- mentalização de imagens, cores e sons;
- bháva (profundo sentimento, ou reverência).
REGRAS GERAIS
Conforme já vimos, uma das principais características do Swásthya Yôga são as regras gerais de execução, justamente por constituírem o alicerce da auto-suficiência (swásthya)
Sem as regras gerais o praticante aprenderá apenas aquilo que seu instrutor lhe ensinar e nada mais. Se o instrutor ensinar dez ásanas e disser como respirar em cada um deles, quanto tempo permanecer, quantas vezes repetir, onde localizar a consciência, etc. e, depois disso, instrutor e praticante não puderem mais seguir juntos, o praticante só saberá executar aquelas dez técnicas que lhe foram ensinadas.
Com as regras gerais, nas mesmas circunstâncias, o praticante saberá executar praticamente todos os ásanas e poderá seguir aperfeiçoando-se indefinidamente, mesmo sem ter o instrutor ao seu lado. Por isso, temos discípulos que nunca nos conheceram pessoalmente por residirem em países distantes e, apesar disso, graças às regras gerais, tornaram-se exímios executantes, verdadeiros artistas corporais.
AS OITO REGRAS ATUALMENTE CODIFICADAS SÃO:
- Regras de respiração coordenada, de permanência no ásana, de repetição, de localização da consciência, de mentalização, de ângulo didático, de compensação, e de de segurança.
O Objetivo das regras é facilitar a vida do praticante. Portanto, não se preocupe em decorar regras. Simplesmente, vá aprendendo e executando ao mesmo tempo para entender e incorporar. Depois que automatizar a execução não se preocupe mais com isso. As quatro primeiras regras são suficientes para o iniciante.
Essas regras estão minuciosamente desenvolvidas no livro Tratado de Yôga, esgotado, mas que podem ser aprendidas em sala de aula diretamente com um instrutor de Swásthya.
Vale lembrar que a nossa prática em sala de aula tem oito partes e o ásana é apenas uma dessas partes.